segunda-feira, 13 de agosto de 2018

O Mediador Entre a Cabeça e as Mãos Deve Ser o Coração!

Este artigo foi publicado originalmente no extinto blog Aí Que Me Refiro... e volto a mostrar na íntegra, com a mesma ilustração de apresentação. Pra quem quiser relembrar ou conhecer as fotos de referência e as etapas do desenho, já mostrei aqui.


Esta frase (a do título) aparece no início e mais adiante em Metrópolis,  filme mudo alemão de 1927, dirigido por Fritz Lang.
Sua trama se passa numa cidade do futuro, chefiada pelo empresário Joh Fredersen (Alfred Abel). Os empregados de sua principal usina, não bastasse o escravismo que sofrem, vivem em situação de miséria e também são forçados a trabalhar nos subterrâneos. Somente a classe aristocrata vive na superfície.
Certo dia, Freder (Gustav Frölich), que é filho do empresário... Vê uma moça com várias crianças na porta de uma dos jardins e fica encantado. Depois de descobrir a rotina sofrida dos operários, discutir com seu pai e substituir um trabalhador exausto, Freder resolve se disfarçar e com auxílio de seu chofer, vai até as profundezas da cidade.
Vê a moça que procurava, Maria (Brigitte Helm), servindo de porta-voz dos operários.
Ele conta a ela que quer ficar junto e apoiar os trabalhadores, mas não percebe que foi seguido e que um cientista pretende usar seus conhecimentos em tecnologia pra deturpar as motivações do povo explorado.  

Baseado no livro da atriz/escritora Thea von Harbou, Metrópolis foi roteirizado por ela mesma e com o diretor, com quem era casada. É um dos principais representantes do expressionismo alemão, que era uma forma de mostrar visões peculiares de seus realizadores, através de maquiagem, fotografia e efeitos especiais.
Adolf Hitler gostou tanto do filme, que pediu a Joseph Goebbels (seu ministro da propaganda) que chamasse Lang a fim de torná-lo cineasta do Partido Nazista. O diretor recusou, se mudou pros Estados Unidos e separou-se de sua esposa, porque ela preferiu ficar e se unir ao Partido.
Na música, o filme influenciou Madonna, Queen, Haddaway e outros.
Serviu de inspiração para a cidade homônima das histórias do Superman, pro visual do dróide C-3PO (Star Wars), para o mangá de Osamu Tezuka (Astroboy, Kimba...) e há quem diga que, também influenciou as arquiteturas de Gotham City (do Batman, de Tim Burton) e da cidade chuvosa de Blade Runner (de Ridley Scott). Não sei se falei bobagem.
Se bem me lembro, soube da existência de Metrópolis num programa da TV, quando criança. Já adolescente, vi fotos em revistas informativas. Era um filme ultra difícil de se achar.
Só consegui assisti-lo este ano e soube que muitas partes dele ficaram perdidas por décadas, até descobrirem trechos na Argentina (em 2008) e com eles, relançaram aumentando sua duração. Por isso, que no Youtube, é possível achar 2 versões do filme. Procurem!

As partes que achei bizarras e chamativas: quando Freder delira e imagina o maquinário da usina como um altar de sacrifícios, o inventor Rotwang (Rudolf Klein-Rogge) perseguindo Maria e a robô alterada pra substituí-la, criada para armar uma revolta. Sem esquecer da marcha sincronizada dos operários abatidos, durante as trocas de turnos e seus movimentos durante o trabalho na usina.

Fontes: Youtube, Google Imagens, Wikipédia (Brasil e EUA) e Wizard Brasil 09 (Editora Globo, 1997)

Um comentário:

  1. Excelente texto! O filme é uma obra prima, pela maneira como foi realizado. Fritz Lang era um visionário (no sentido positivo da palavra). Cheguei a assistir num cinema do Rio de Janeiro a versão antiga e depois, em 84, uma versão colorizada no Cine Karin, em Brasília, com músicas do Giorgio Moroder, medalhões como Bonnie Tyler, Freddie Mercury e outros.

    ResponderExcluir